É necessário ter cautela durante o processo de cicatrização. No organismo humano, o álcool interage diretamente com componentes celulares, promovendo um estado oxidativo e inflamatório sistêmico. O metabolismo gera espécies reativas de oxigênio e acetaldeído que são porções bioquímicas que danificam órgãos e tecidos, variando as lesões de acordo com o nível de inflamação e com a resposta imune sistêmica e local.
Mais de 70% do corpo humano é composto por água e sua presença é de extrema importância para o bom funcionamento do organismo. A ingestão de álcool afeta a reserva de água do corpo porque para metabolizar uma molécula de álcool etílico – processo semelhante ao da digestão são necessárias nove moléculas de água. Quando não há água suficiente, ela começa a ser retirada de tecidos periféricos. Perder água afeta a pele, diminuindo o viço e colaborando para o ressecamento e a descamação.
O álcool etílico é uma das razões pelas quais muitas pessoas ficam com a pele avermelhada depois de beberem, visto que a substância é vasodilatadora. Quando vasos sanguíneos se expandem, a rosácea e a oleosidade da pele se acentuam. Além disso, a substância estimula a produção de radicais livres, que entram em contato com células sadias do corpo e danificam sua estrutura, causando envelhecimento precoce e flacidez.
Diante das alterações sistêmicas, o álcool influencia diretamente no processo de cicatrização de feridas. Sabe-se que o processo cicatricial envolve três fases com eventos bioquímicos complexos que funcionam de forma equilibrada. O objetivo principal é recrutar e ativar células para a liberação de citocinas e quimiocinas que participam ativamente da regeneração do tecido e restabelecimento da função normal da pele. Os efeitos deletérios do álcool podem agir na redução da função dos neutrófilos e de proteínas inflamatórias no leito da ferida, além de contribuir na diminuição da angiogênese na fase de epitelização.
O conhecimento das alterações desencadeadas pelo consumo agudo e crônico do álcool nos mecanismos celulares envolvidos na cicatrização de feridas é importante para que os enfermeiros tenham o raciocínio clínico correto e implementem o tratamento adequado para a regeneração da ferida. As ações de prevenção em saúde devem ser o alicerce do cuidado nessa população e estimuladas pelos serviços de saúde e órgãos competentes. A Terapia de Feridas auxilia neste processo e facilita a cicatrização da forma mais rápida possível.